quinta-feira, 3 de abril de 2008

Réquiem para Isabella



Em minha viagem diária pelo mundo virtual e ao mesmo tempo real, permito-me a tantas emoções que, ao final do dia, volto mentalmente exausta ao mundo palpável, porém cheia de estórias para contar, além das lições assimiladas para sempre, pois cada notícia me toca de uma forma muito particular. Sei que terei ainda muito a desbravar no decorrer de minha vida profissional, pois notícias pipocam por todos os lugares do mundo, a cada milésimo de segundo. Vejo diante dos meus olhos, todo dia e o dia todo, por meio de uma simples tela tristezas, alegrias, catástrofes e tragédias impensáveis. Situações engraçadas, inusitadas, surreais. Já chorei, fiquei furiosa, revoltada, pensativa, ri, gargalhei, e sempre quis compartilhar isto com você, leitor. Mas um fato que cito neste texto, em particular, nunca será esquecido pelo nosso país. Estamos todos chocados e dormentes com tamanha atrocidade, dentre tantas outras que se tornaram uma espécie de lugar-comum em nosso cotidiano.


Falo de Isabella Nardoni, apenas uma menina de cinco anos jogada do sexto andar de um prédio na noite do dia 29 de março de 2008. Morte estúpida, desnecessária, descabida. Uma criança. Um ser inocente. Uma vida ceifada tão cedo e de forma tão brutal.


Por curiosidade, pela pesquisa em meu trabalho e também movida pela comoção nacional, entrei no perfil de sua mãe, Ana Carolina, num site de relacionamentos. Me peguei com um nó na garganta e lágrimas incontroláveis ao me deparar com fotos, registros de extremo carinho, amor e cumplicidade entre mãe e filha. Além das fotos, existe uma infinidade de mensagens de todas as partes do país. Mensagens de consolo e solidariedade para “o que não tem cura e nem nunca terá”. Porém, sempre servirão como lenitivos, todos eles endereçados a quem atravessa a dor de ter o seu bem mais precioso arrebatado de forma tão prematura, de uma violência tão monstruosa, gratuita e torpe. Seja quem for o culpado, teve instantaneamente a sua “morte” decretada ali, no momento exato em que seus sonhos e planos para um futuro bom foram arremessados juntos com Isabella. Quem agiu, sabe que não escapará da Justiça dos homens, muito menos da Divina.


Assim como o anjo - no antigo filme alemão “Asas do Desejo” - tornou-se um mortal pulando do alto de um prédio, a fim de experimentar as vivências humanas e viver uma paixão arrebatadora; sucedeu o contrário com uma adorável garota. Isabella virou anjo no momento em que seu frágil corpo de criança tocou o solo, lançado para o nada, via mãos criminosas e desumanas. Segundo ainda o filme citado aqui, os anjos têm o poder de ler as mentes humanas e tentam confortar a solidão e a depressão das almas que encontram.


Querido anjo Isabella, vai agora ao encontro de tua mãe e a acarinhe de alguma forma! Fale, por meios que são desconhecidos por este mundo insensível, insensato e cruel, que você está em um bom lugar. Que estás envolta em luz etérea, com vestes de sonho, cabelos enfeitados de guirlandas de flores coloridas, dançando, sorrindo e brincando de atravessar nuvens. Beije-a como se fosse uma leve e suave brisa; leia os pensamentos e preces dirigidas em seu nome não somente de sua mãe e dos seus, mas de todos os que se apaixonaram pelo teu sorriso e sinta-se enfim, acolhida por Deus. Que você tenha agora a consciência de que será jovem para sempre.


Requiescat in Pace.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Ai ai... Sempre Cecília Meireles!...


VALSA



Fez tanto luar que eu pensei nos teus olhos antigos

e nas tuas antigas palavras.

O vento trouxe de longe tantos lugares em que estivemos,

que tornei a viver contigo enquanto o vento passava.




Houve uma noite que cintilou sobre o teu rosto

e modelou tua voz entre as algas.

Eu moro, desde então, nas pedras frias que o céu protege

E estudo apenas o ar e as águas.

Coitado de quem pôs sua esperança

nas praias fora do mundo...

- Os ares fogem, viram-se as águas,

mesmo as pedras, com o tempo, mudam.



(Cecília Meireles)

terça-feira, 25 de março de 2008

Dedicado a todas as "mulheres-pantera"


Coisa linda, enviada por Priscilla Holanda, com quem compartilho textos e poemas. Obrigada mulher-pantera! Eu também me sinto assim.


"A liberdade da pantera

está justamente nisto:

que nem ela se governa,

e o que sucede é imprevisto.

Essa a vantagem da fera:

uma força que ela abriga,

inconsciente, dentro dela

- sob a aparência tranqüila -

e de repente se revela,

mas uma espécie de fúria,

que atinge inclusive a ela,

mas numa espécie de luta,

que é o modo que tem a cólera

de mostrar-se numa fera,

e que é a sua única forma

de ser pura, além de bela."


(Marly de Oliveira)

sábado, 22 de março de 2008

Minha "vingança" por não poder comer muito chocolate... Nem na Páscoa! Chuif!

Mensagem de Páscoa



Amado internauta! Aproximamo-nos de uma época de vitória e, uma vitória, só é obtida após uma corrida, luta, batalha... Esta mesma corrida se deu também com Jesus a meu e a seu favor. Muitas vezes quando nossos olhos conseguem apenas enxergar as lutas e fracassos, eles deixam de ver e contemplar a vitória. Assim também se deu na época de Jesus quando os discípulos olharam para Ele e toda a situação.

Provavelmente, na sexta feira santa, quando Pilatos deu ordem de crucificar Jesus, tudo parecia perdido, acabado. Afinal de contas, Jesus havia despertado esperanças como: justiça, bem estar, libertação do mal, reino próximo sem sofrimentos.

Mas outra coisa aconteceu: Jesus morreu com as palavras: "Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?" Sua morte acabou com as esperanças.

Teria o mal triunfado sobre o bem? Ninguém está mais derrotado que um morto.

Toda a vida de Jesus empolgava: curas, amor, acolher, mas a cruz, a morte, anularam tudo.

Jesus morreu, foi sepultado. Uma pedra fecha o túmulo.

Em Efésios 5, versículo 14 nós lemos:

"Pelo que diz: Desperta ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará".

Há muitas pessoas dormindo espiritualmente. Desatentos às coisas de Deus, incapazes de enxergar Deus. Não percebem as bênçãos, a vontade de Deus, oportunidades e cuidados. A Bíblia nos conta que assim também muitas pessoas o fizeram:

  • Sansão dormiu e foi traído por Dalila. - Jz 16.
  • A Sulamita dormiu e acabou perdendo o homem amado.- Ct 5
  • Sísera dormiu e foi morto pela mulher de Héber - Jz 4
  • Êutico dormiu no meio do culto e despencou do 3º andar - At 20.
  • Ben-Hadade dormiu e foi morto pelo ajudante - 2 Re 8
  • Jonas dormiu e quando acordou o navio estava afundando - Jn 1
  • As dez virgens dormiram e as lâmpadas apagaram. As que tinham óleo de reserva viram o noivo chegar, as outras não - Mt 25.

Uma noite de sono, de descanso é uma bênção, mas para a alma é desastroso e perigoso pegar no sono.

"desperta ó tu que dormes"

A Bíblia nos recomenda a vigília: vigiar para o sono não destruir a vida.

Não sei como está sua vida, porém há alguns sintomas que identificam a frieza espiritual que a todo momento estamos prestes a passar/viver, entre elas:

- Acomodação e satisfação com o que somos; ausência de vontade de crescer e melhorar. Se você não testemunha, não freqüenta os cultos regularmente, não tem prazer na leitura da Bíblia e na oração; não contribui além das sobras... quem sabe não é tempo de despertar?

É como aquela pessoa que perde os óculos, xinga tudo e todos porque perderam seus óculos, e o óculos estava em sua testa. Assim é a alma quando dorme, tem tudo na sua frente e não vê.

"levanta-te de entre os mortos"

O sono da alma nos coloca no meio de defuntos. Imagine-se dormindo num IML (Instituto Médico Legal), nas gavetas refrigeradas, cercado de cadáveres. Nada agradável não é mesmo? O sono da alma nos torna igual. Quando esfriamos a fé, a alma, já começamos a parecer um defunto.

A frieza que muitas vezes os membros do corpo de Jesus vivem, transformam o cristianismo num cristianismo semi-morto, sem gosto, sem coração, sem tempero, sem compromissos.

Acorde. É tempo de despertar, de buscar, de se livrar de problemas e...

...Cristo te iluminará.
Quando estamos dormindo deixamos de receber bênçãos.
Quando Lázaro morreu e Jesus pediu para que abrissem o túmulo, sua irmã Marta disse; não Senhor, já cheira mal, mas Jesus insistiu e então disse ao morto:

"Venha para fora" - Jo 11.

Muitas pessoas assim ouvem a voz do Senhor, mas não saem dos seus lugares, ficam dentro das covas, sepulcros. Jesus quer que você se livre do sono da alma, dos seus pecados e tenha vida nova, abundante. Não viva em um IML. Aquele que tomou você, também é o que te iluminará.

Por isso Jesus ressuscitou, por isso podemos festejar a Páscoa, por isso esteja vivo espiritualmente. A participação somente em cultos especiais é uma grande evidência de morte espiritual, mas você pode mudar isso.

Para os discípulos, na manhã de páscoa, tudo se esclarece quando Jesus aparece vivo. A ressurreição é um mistério, que só é revelado pela fé, ainda hoje.

Jesus poderia ter reagido de outra maneira ao crime humano. Poderia ter usado de força, massacrado os soldados, implodido o Sinédrio, castigado as pessoas que gritaram:"crucifica-o", "crucifica-o", crucifica-o".

Deus deu seu filho, não por fraqueza, mas por amor. Jesus morreu para resgatar a dignidade dos filhos de Deus, de acordá-los do sono da alma.

Que você caro amigo possa sentir-se desafiado por Jesus, para por Ele também ser resgatado e viver um cristianismo empolgante, uma vitória triunfante e uma vida abundante.

VENHA PARA FORA!

Fonte: Blog P. Carlos Luiz Krüger (www.luteranos.com.br)

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Mensagem aos visitantes

Queridos visitantes,
Fiz questão de estrear meu blog postando o meu primeiríssimo texto, este aí abaixo. Quando me dei conta de que muita gente se sentiu tocada ao lê-lo, aí eu pensei: "É isso, vou fazer mais, porque me fez um bem danado!". Até porque também uma pessoa muito próxima, a quem eu quero muito bem e que é médium fortíssima, me encorajou a escrever, porque me falou que tenho o dom da escrita. Que seja então. Sem pretensão de nada além de fazer com que as pessoas se identifiquem de alguma forma com meus artigos, escrevo-os com a alma, sorrindo ou chorando copiosamente, e assim eles vão saindo. Mas não é sempre no momento que quero. Eles dão o ar da graça somente quando estou preparada. Todos os meus textos, pelo menos até agora, são vivências minhas ou minha visão ante as experiências de amigos mais próximos. No decorrer de nossos encontros, irei postando de tudo um pouco. De textos, poesias e artigos de outras pessoas, fotos, imagens que me tocam... enfim. Uma miscelânea. Aqui, estará impressa a minha alma e o que acho de mais belo e que merece ser compartilhado.
Um beijo na alma de cada um. Paz e bem.
Maria Bonita Online

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Sinal vermelho: o tempo de uma lição de vida


Por Maria Bonita Online


Você já parou para se perguntar qual a duração de um sinal vermelho? Imagino que não. Muito menos para saber o que você pode aprender neste quase piscar de olhos, afora o stress que te faz lembrar automaticamente da música “Sinal Fechado” do Paulinho da Viola: “...me perdoe a pressa, é a alma dos nossos negócios...”

Quanto tempo dura um sinal fechado? 45 segundos? 1 minuto? Não importa! Até porque, dependendo da localização deste sinal, os tempos variam, mas nunca passam de um relativo curto período, apenas um fragmento em nossa tão atribulada vida.

O que relato a seguir, de fato se passou comigo. Para quem acha que o tempo de um sinal vermelho é sinônimo de atraso de vida, eu falo com conhecimento de causa que foi devido a este mesmo sinal vermelho que comecei a encarar certas coisas de uma outra forma, acordada! A seqüência de acontecimentos neste dia prova que eu realmente deveria estar ali, naquela hora, naquele lugar, naquele sinal...

Há pouco mais de um ano, quando ainda morava no Rio de Janeiro, eu estava hospedada na casa de uma amiga, na Barra da Tijuca (zona oeste), bastante longe de minha casa, que era no Flamengo (zona sul). Estava atravessando um mar de problemas, longe de minha família, sem emprego e sem perspectivas. Foi um período em que as coisas não estavam dando certo pra mim, e eu começava a me sentir a mais infeliz das criaturas.

Meu pai – meu velho anjo da guarda - me ligou dizendo que havia posto uma quantia em minha conta. Fui pegar meu cartão do banco e percebi que havia esquecido ele em casa, no Flamengo. Essa estória de mulher trocar bolsas!! Eu costumo fazer mas não gosto, pois acabo me dando mal.

Peguei o carro de minha amiga e fui até minha casa.
Fui por volta das 14:20h. Chegando ali na Gávea entre o Clube do Flamengo e a Lagoa, num sinal fechado, veio em minha direção um velhinho com seus 70 e poucos anos. Era alto, magro, de feições muito gentis. Vestia uma roupa surrada e lembrava muito o meu avô paterno, pelo tom de sua pele... um tom acobreado. Ele me pediu esmola. Eu dei um sorriso, disse que não tinha e pedi desculpas. Então ele me falou: "Tem nada não minha filha, você é muito bonita! Que Deus te abençôe. Mas um dia, se você se lembrar, me traz um cobertor ou um casaquinho, que eu tô morrendo de frio viu." E sorriu de volta.

Eu vi que ele estava de camiseta sem manga e o céu, meio nublado. Pus minha mão pra fora do carro e vi que começava a esfriar e que o braço tão magrinho dele estava todo arrepiado.

Segui em frente, mas decidi que voltaria ali pra entregar o que ele havia me pedido. Lembrei que tinha em casa um casaco que não usava mais, e meio que já estava separado pra eu dar a alguém que precisasse.

Cheguei em casa, vendo que estava tudo em ordem, peguei meu cartão, juntei algumas coisas que não usava mais e pus em uma sacola: uma toalha desbotada, um lençol e... o casaco.

Voltando pra Barra, fui pela Lagoa novamente. Desta vez, um tanto ansiosa.
Fiz um enorme esforço para voltar àquele sinal onde estava o velhinho, pois precisei dar uma grande volta, sincronizando para que os outros carros me deixassem parar no exato lugar da primeira vez. Encostei logo que o sinal ficou vermelho. Pedi aos rapazes que vendiam balas que o chamassem. Ele veio, eu estendi o casaco e falei: "Olha aqui, pro senhor não sentir mais frio". Ele ficou entre a alegria e a grande surpresa! E me voltou um sorriso verdadeiro e sem dentes que eu nunca vou esquecer na minha vida! Dei o resto da sacola, falando o que continha dentro. Um rapaz encostou e me perguntou se eu não tinha nada pra dar pra ele também... Eu pedi desculpas e falei que o que eu havia trazido era só pro velhinho, que falou para o rapaz: "Eu pedi a ela e ela trouxe! Minha filha, Deus lhe abençôe! Minha filha, não sei nem como lhe agradecer!"

Trêmula, em meio à emoção, respondi:
"Agradeça vestindo o casaco, pra não passar mais frio".

Ele pegou minha mão e a beijou... eu beijei a mão dele... e comecei a chorar... ele passou a mão no meu rosto e disse: "Não chore não minha filha, Deus vai te iluminar pq você tem um coração muito bom" Com um brilho inesquecível nos olhos cansados pelas agruras da vida, ele falou mais uma porção de coisas e eu nem ouvia mais... só chorava... meus olhos enxergando de forma embaçada aquele sorriso aberto, sem pudor... sorriso de gratidão... meu coração aos pulos... um sentimento de paz invadindo minha alma sem pedir licença, provocando um turbilhão de emoções...
O vendedor de balas ao lado dele se enterneceu com a cena e ficou só olhando... olhando...

O barulho ensurdecedor da buzina dos carros me trouxe de volta à realidade. Tudo isso aconteceu durante o tempo em que o sinal esteve fechado. Em meio à agonia e desorientação do trânsito segui em frente, sem olhar pra trás, chorando que nem criança. Em vez de confortar alguém, fui confortada. Porém, passei o resto do dia recordando este episódio e chorando. Até hoje, ao lembrar da cena, inevitavelmente as lágrimas me visitam...

Fiquei com o cheiro do velhinho na minha mão. Cheiro de gente humilde e calejada. Lembrei-me do quanto tenho na minha vida: família, amigos, um amor, e uma estrutura de vida que apesar dos pesares, não me deixa passar nem perto daquela miséria toda que eu presenciei ali, na minha frente. E percebi que precisamos de tão pouco para sermos completos e realizados!

Não era nem para eu sair da casa de minha amiga naquela tarde... ter esquecido o cartão do banco em outra bolsa...

Quanto ao velhinho... nunca mais o vi. Confesso que ainda passei várias vezes pelo mesmo sinal, na esperança de reencontrá-lo, só para vislumbrar novamente aquele sábio sorriso. No meu íntimo, ele foi um anjo que me concedeu a honra de ser abençoada por sua presença iluminada.

Eu posso fazer uma idéia do quanto eu o ajudei naquele dia, com um sorriso e um casaco. Porém, ele nunca terá conhecimento do tanto de fé que ele depositou em mim, num simples gesto de gratidão. Nem ele esperava a minha volta e nem eu esperava ser tocada daquela maneira.

O tempo de um sinal vermelho é curto. Porém, dura o suficiente para conduzir alguém de volta à esperança de dias melhores. Portanto, antes de achar que sua vida é o mais completo fracasso, tente enxergar além do sinal fechado. E se você encontrar um velhinho com a mesma descrição da história que acabei de contar, recomendo que dê não um casaco, e sim, o seu melhor sorriso. E então você verá que fará a maior diferença do mundo.